Historic Rallye - The most essential item of equipment is a sense of humour!

3.4.11

Pekin-Paris / Hard Road - Spirit of a Rally

pekingtoparis-01.jpg
Qual a maior aventura envolvendo uma corrida? Lembro o Bentley contra um trem entre a Riviera francesa e Londres... é... mas ainda não é o máximo. Lembro o primeiro Monte de 1911.. mas, não sei não?! Talvés da Grande Corrida de 1908 - sim 6 carros passando pelo Alasca e atingindo a Europa, but... esqueçam: aventura mesmo aconteceu antes: foi a Paris-Pequim em 1907. Esse evento inspirou que outro jornal - o inglês Daily Express e o australiano Daily Telegraph em 1968 fizessem a Maratona Londres-Sydney; e mais tarde o Londres-México - mas nada se compara a uma aventura no início do século (passado), sob uma rota como aquela. Na verdade eu citei a The Greatest Auto Race on Earth, de 1908 com 6 participantes (a mais bem documentada, inclusive em filme) - esta era um corrida mesmo, com regulamento e promovida pelo mesmo jornal (Le Matin), com outro jornal novaiorquino, o New York Times. É que a prova de 1907 havia sido cancelada oficialmente e em novembro daquele mesmo ano (1907), os dois jornais traçaram o formato de uma nova corrida (sim... ficou famosa, but a de Paris-Pequim ficou lendária). Fala-se Paris-Pequim, mas trata-se na verdade de Pequim-Paris - durante décadas chamava-se este rallye-raid pelo nome inverso, por insistência da mídia francesa... que bobagem. Hoje se realiza este rallye com estradas melhores e se faz em 36 dias e não mais em 60 dias.
Ah meus caros isso foi aventura envolvendo uma corrida, homens e carros. 130 dias de pura aventura para cinco times (os franceses chamaram de Raid e não de Corrida - apesar de haver citações como Rallye-Raid), que percorreram na época 14,994 quilometros, entre China, Mongólia, Sibéria, Rússia, Polônia, Alemanha e finalmente França (seguindo a linha do telégrafo e por vezes a do trem). A mais heróica aventura, pelo seu carater novel, envolvendo corrida de automóveis. Todo mundo da época, dizia que era impossível tal façanha. Dois times quase morreram no Deserto de Gobi, isso sem contar que a travessia passava por montanhas, que eram transpostas com ajuda de mulas. Um dos carros ficou pendurado sob a ponte do rio siberiano. O Príncipe Scipione Borghese desviou a rota em 1.500kms, para jogar bola em St. Petisburgo! E o francês Charles Godard com um Spyker, chamado de Rolls Royce holandês, foi preso no final da corrida, por fraude. E pensar que tudo isso começou com um simples anúncio publicado num jornal.
O jornal era o francês Le Matin (1883-1944), um diário que tinha cem mil exemplares em 1900 e em 1910 era 7 vezes maior. Tal diário lançou o seguinte desafio em 31/01/1907 - "O que precisa ser provado hoje é que, enquanto um homem tiver um carro, ele pode fazer qualquer coisa e ir a qualquer lugar. Existe alguém que se comprometa a viajar este verão de Pequim a Paris?". Cinco homens corajosos e aventureiros, resolveram aceitar tal provocação e transformar numa competição (de Raid passou para corrida - pelo que li era competição, não era a idéia inicial, mas se tornou). Há que se lembrar, meus caros, que o primeiro carro havia sido construído há pouco, em 1885. pelo Karl Benz... que aventura!
Local da largada - o carro da foto é diplomático
A guerra de pneus que hoje conhecemos, teve seu início com esse evento: O único carro italiano teve o patrocínio da Pirelli, e a Michellin apoiou o Goddard, pagando inclusive o navio para a China. Já a Dunlop deu pneus e valores aos De-Dions. E por falar em guerra, todos os participantes estavam armados (quem não andava com revolver na cintura, carregava um rifle - tinham medo de bandidos e de alguns dos boxers remanecentes da revolução ocorrida na China em 1900). Mas quem eram esses caras - que certamente temos uma certa identidade (oficialmente há outros nomes, na verdade 11 homens em cinco carros, mas estes 5 abaixo são os mais citados), que largaram em 10 de junho de 1907 (40 foram os inscritos - um livro fala em 25 - mas depois que o Le Matin colocou como inscrição o importe de 2 mil francos, como depósito inicial a desistência foi quase total (dai porque o jornal ter desistido de tal evento):
57644465, Getty Images /Hulton Archive
   
1-) Principe Scipione Borghese, acompanhado por seu mecânico Ettore Guizzardi
2-) Charles Goddard, acompanhado pelo jornalista Jean du Taillis
3-) Auguste Pons, acompanhado por seu mecânico Octave Foucault
4-) Georges Cormier
5-) Victor Collignon

Esse era o Itala de 1907 de 49hp com o Ettore Guizzardi, mecânico do Principe Scipione - foto tirada com ele no banco do piloto, antes da largada em Pequim. Notem os paralamas!!! Esse modelo de 7.4 litros e de 4 cilindros, continha uma caixa de câmbio de corridas, de 4 marchas e uma ré e consumia, 33 litros por 100 km (seus tanques abrigavam 150 litros). O chassis era o de caminhão - era o mais pesado dos carros.
Name:  peking to paris.jpg

Views: 2286

Size:  45.2 KB
 Carro do Principe - 35/45hp Itala de 7 litros

O mesmo carro do Princípe, agora no Museu
Fora do museu
O Spyker 1907 do Charles Goddard - foi usado em 2007 na mesma rota, no rallye comemorativo.
foto
Este é cópia do Contal de 3 rodas, pilotado pelo Auguste Pons e acompanhado por seu mecânico.
Esse é o 10hp de 1907 De Dion, doado por dois dealers franceses (foram doados 2 deste modelo).
Como não tinha regras, tampouco, mapas, a nevegação era por bússula, informantes, tendo como mais seguro, seguir a trilha dos postes do telégrafo ou a linha de trem, quando encontrados - claro!

The start of the 1907 Peking-Paris race
O segundo lugar ficou com o norte-americano Charles William Goddard (1879/1951). Um grande malandro (dizem). Em várias ocasiões teve a sua gasolina paga pelo principe, que nunca lhe reembolsou!!! No navio viajou de primeira, mas sua passagem era de terceira, paga por patrocinio francês (na verdade ele tocava piano para a primeira classe em troca de frequentar e dormir lá). Em terceiro ficou o Georges Cormier com o DeDion (chamado de 1). Este era um distribuidor da marca e já tinha uma certa experiência nso Balcãns, na Espanha e no Norte da África com esses carros. Ele publicou um diário chamado de The Race, Pekin to Paris (Tim Scott, François e James McLean, traduziram esse diário e publicaram em 2007 - há na net a versão em francês). Muito interessante. Em quarto ficou o Victor Collignon. Esse na verdade, acompanhava o Cormier que era seu grande amigo. Bizac que era um ex-engenheiro naval, atuava na prova como mecânico, aliás, atendia os dois De Dion. Era tido por todos como o melhor mecânico. Em quinto... o 3 wheeler Cyclecar, com o Auguste Pons (na verdade esse veículo quebrou várias vezes desde o primeiro dia - não conseguiu chegar ao final). Ele era pai da que vinha a ser a famosa cantora de ópera Lily Pons. O triciclo quebrou de vez no Deserto de Gobi (nunca foi achado). Se mecânico era Octace Foucault.

File:1907 Itala - being pulled - Project Gutenberg etext 17432.jpg



Príncipe Scipione Borghese na Sibéria

Filminho

XX


Competitors encountered all imaginable obstacles and driving conditions during the 1907 race
O ganhador foi o principe (era o mais competitivo), com seu Itala de 7.433cc de 35/45hp - transformando a marca nun sucesso de vendas e elevando seu carater para as competições. O prêmio foi uma garrafa de champagne Mumm. O principe chamava-se Marcantonio Luigi Francesco Rodolfo Scipione Borghese (1871/1927). Ele era um aventureiro de sua época. Na corrida teve a companhia do jornalista Luigi Barzini (correspondente do Corriere Della Serra), do Ettore e do Guizardi - esse como já noticiado, era o motorista e mecânico do principe e foi o que pilotou o carro por mais da metade do percurso. Em 1900 o principe já havia feito uma viagem para a Ásia a partir de Beirute dirigindo-se ao Oceano Pacífico (o livro dele ficou famoso na época: Na Ásia: Siria, Eufrate, Babilonia, publicado em 1903 - fez outro livro descrevendo sua viagem a China). Ele estava tão confiante que iria ganhar que saiu de Moscow e foi até St. Petisburgo (1 milhas ida e volta), só para agradar algumas lindas mulheres (pode isso?!).

Nenhum comentário: